sábado, 29 de janeiro de 2011

Bilhete #2


(Daqueles deixados na mesa da cozinha depois de fazer as malas pra voltar pra casa, enquanto uns dormem ao nascer do sol)



Queridos Incendiários:

Bem aventurados, nós, que nascemos com a lua cheia nos olhos.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Encontrei Os Incendiários na calada da noite com chamas nos olhos, iluminando quadras sombrias que, na manhã, serviu para diversão de narizes que escorriam. Sentamos em círculo para dar as mãos e sussurrarmos nossos mantras. Acendemos nossos pulmões e falamos sobre os anjos indianos da forma mais libertária possível. Eu tinha saudades de papos tão abertos e tranquilos. Munidos da beleza doce e invisível, falamos incansavelmente.
Voltei para casa com os lábios saciados de palavras.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Bilhete #1

Querida Jane Junkie.
Comprei meia garrafa de vinho essa tarde que me lembrou a cor dos seus olhos e o cheiro do seu perfume. Registrei tudo isso no fundo da minh'alma e fui devastado por um punhal de saudades. Guardei a garrafa pra te esperar. Eu sei que quanto mais velho o vinho, melhor ele fica, mas nós não temos tempo para envelhecer. Te espero de janelas abertas e olhos fechados.

Te carinho.
kerouac (não o jack, o eu);
[ou o seu LeeRay, se preferir]

PS: O vinil "Burguesia", do Cazuza, nos espera ruidosamente.
O tédio mancha meus dedos de uma fétida fumaça.


Por onde será que andam os subterrâneos de Kerouac com quem eu sempre cantava e ia dormir bêbado de mar?

Eu tenho saudades de Jane Junkie e sua risada histérica, Caio Fernando Abreu abraçado com Cazuza e dos duendes do riso.
As palavras se entrecortaram pelo riso nervoso e habitual.
Você se afastava e eu não conseguia te chamar.
Você nua.
Eu cru.
Eu sou toda a revolta que vive no seio dessa cidade morta
toda dor que existe no esqueleto da flor
todo medo que assombra os olhos alucinados das almas noturnas
todos os gritos de orgasmo das fêmeas que carregam um punhal no ventre.

Eu vejo todos os projetos de adultos
caídos na sarjeta, rastejando
procurando acalmar seu tédio de copo em corpo
Sujando-se na lama das mentes de deuses de concreto.

Crianças rindo sem parar, com os pés descalços
perdidos na noite dançando em corpos desfeitos
moldando seus novos corpos em forma abstrata
dançando com sangue escorrendo ao ritmo de jazz
Misturando-se aos latidos de cachorros loucos
Que desesperados, tentar afugentar a lua que cresce a cada minuto
Tentando destruir essa noite que não passa.
Essas horas que não acabam.
Essas loucuras que não acabam.
A bebida que não acaba.
O peyote que não acaba.
nãopassanãoacabanãopassanãoacaba.

                                                              - Vamos Jhon, sua bixa velha, encha de uma vez esse copo. A noite é uma prostituta implorando pra ser fodida.