domingo, 30 de dezembro de 2012

desde então, tudo é uma sucessão de explosões que ninguém vê.
muita coisa acabou e ainda está acabando.

aquela sensação que tinha chegado sobre minha cabeça num lugar onde eu deveria estar feliz mas não estava enfim se concretizou. de fato não ia sobrar nada

nunca sobra.

ele foi embora e tornou-se outro
ela foi embora e tornou-se a mesma
mas eles continuam indo cada vez mais longe cada vez mais longe conhecendo cada vez mais novas estações
e eu embarcando cada vez mais em novos trens.

eu tenho um novo nome.

agora falta pouco pra que as coisas recomecem
e eu não choro mais.


só sobrou meu nome
e ele não rima com nada.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Boom.
- eu só não queria deixar de dizer...

"Diga. Eu quero que você diga por favor diga." O clarão aumentava. Dentro de nós um sentimento novo... paz? Ela segurava minha mão... O rosto tranqüilo...

- eu te amo.

Enfim, silêncio. Um calor gostoso espalhando pelo corpo. Uma luz de cegar os olhos. A ardência da primeira queimadura. E o queimar de um último beijo.

E enfim...

nada.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

pra não dizer que não falei das flores;

Querida Jane Junkie

faz tempo que não lhe escrevo saudades...
faz tempo que não escrevo também, 
mas já não lamento poesia perdida

lembro um dia ter dito que para escrever basta estar apaixonado. 
triste ou alegre, mas apaixonado.

bom, eu estava enganado, J.

Ele me roubou todas as palavras.

leeray.

deixei todas as portas, enfim, abertas ao mundo.
despojei minha alma
e num tropeço, conheci a liberdade
sorrindo, apresentou-se de nome completo.

"cá o achei dentro, cá ficou"

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

dentro da caverna, jantei meus olhos
e me vi de dentro.
estavam à duas palavras um do outro.

o vício dos corpos.
os segredos das bocas.

42;

nós somos o extremo do tudo
o limiar da vida
os peregrinos, dispostos a não deixar a ausência dominar um corpo
filhos do mundo
amantes das estradas.

- no fim da estrada, meu querido, nos encontraremos com todos os amores que tivemos. 
 vai ser tão lindo, meu amor.

e as bocas vão dizer em uníssino amanhã cara amanhã
e nos nós de todos os dedos seremos um
e alcançaremos a paz da guerra
a beleza do ogro
o bem do mal
o eu e o seu.

domingo, 19 de agosto de 2012

manhã, duas gotas de amargo pra lingua no café.

a mesa do café lamentava a perda. era café pra um. o diálogo interior cuspido à mesa! 

.

um solo à Janie Junkie.

teu presente, meu bem, é este buquê de lírios
e este beijo de saudade.
aquela saudade que nós colorimos.
aqueles beijos à quais sucumbimos.

 
 
 
teu sempre, leeray .

terça-feira, 14 de agosto de 2012

a puta de bordéus

"tira dinheiro da buceta, a desgraçada"
mamãe era mesmo uma desbocada.

a puta passava toda noite na frente da minha casa, toda pintada
e passava de novo todo novo amanhecer, toda borrada.
tinha os olhos bonitos
e apesar de umas partes meio caídas pelo tempo
uma bunda da hora!

ninguém gostava da puta.
e a puta gostava de todo mundo.
(e gozava com boa parte do mundo, apesar de ninguém querer falar)


nua, no meio da praça, a puta gritava

"ferí minhas tetas pra alimentar meu filho.
eu sou a puta que pariu o mundo."

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

não ouvi todo seu discurso para ela

quando você disse eu te amo, fechei os ouvidos e disse eu também.







sábado, 28 de julho de 2012

e deitaríamos no asfalto frio, de mãos dadas, o silêncio na boca tomando coragem pra virar voz. eu falaria que te amo e você descobriria que todos os meus poemas, absolutamente todos, foram escritos só pra você.
eu falaria eu te amo e você não duvidaria mais.

domingo, 22 de julho de 2012

o simples beijo das pontas dos deus dedos 
me arrancaram os meus tão seus suspiros.



(e não precisa mais do que dois versos pra ser poesia)


sábado, 21 de julho de 2012

um embrulho sobre a mesa:

"ei docinho, não chora não!
tá aqui algo pra te fazer sorrir."


abri a caixa e as lágrimas tornarem-se um pouco mais alegres, meus lábios tornando-se espelho de todas as fotografias que ela tinha tirado de meus sorrisos.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

‎- você é um poeta, docinho. isso é o que mais importa nisso tudo.

me deu um beijo no rosto e foi embora. passei anos e anos sem entender porque não escrevi mais nada depois que ela foi embora.

- você era poesia, baby. e agora deve estar nos estados unidos ou um desses lugares que todo mundo quer conhecer.

domingo, 1 de julho de 2012

"e eu não beijei todas as bocas"



é do tronco das laranjeiras que escorre o elixir
é a beleza de silenciar os poetas.


não me defino como uma garota ingênua não. é as coisas são assim... eu estava bem até ele me tirar o sono... estava centrada até começar a questionar porque era sempre ele. 


era ele.


tinha a madeira do peito talhada num buraco fundo
lhe corroía a madeira como cupim, me alimentava do corpo dele
me aquecia no pó da serra que se formava a noite.
era bonito por trás dos galhos
me punha o cheiro do musgo pelo corpo todo, me repousando cansada no travesseiro.
me enrolava os cabelos...


mas também envergava e apodrecia.


só os amantes de ontem sabem dos lábios que deixaram passar
só os amantes de ontem assumem que, na verdade, se arrependeram de tudo que fizeram.
só os amantes de ontem não amam mais o amanhã...


- amanhã, cara, amanhã.



tem muita bobagem pra se escrever ainda. muito poeta perdido por aí que esconde as páginas dos outros por medo. eu mesmo não costumo escrever muito, mas agora é por causa dela.


era ela.

indescritível por inteira, dona do mundo.
viva, adolescente, apaixonada.
de olhos fechados para todos os outros pares de olhos que não aqueles verdes.
ignorante aos meus conselhos
fria aos meus toques
fria pra se adequar ao orvalho.


e quando as rugas lhe tocarem as faces, não chore.
não há mais tempo pra chorar.
enrola sua língua na minha boca





esses seus dedos nos meus pelos.

as cartas que não te mandei;

As Cartas Que Não Te Mandei ou As Telas Brancas de Dalí.



eu te escreveria todos os dias se não segurasse no fundo dos olhos com tanta força a sua própria poesia em meu ouvido.
cantaria todos os dias na sua boca, te comeria a carne e lamberia os ossos.
deixaria encharcado os panos do seu travesseiro se não me retivesse com um sopro frio de boa noite.
faria do meu ventre uma mulher, se você não cuidasse de mim como uma pequena garota.
gastaria toda minha voz nas ruas, se sua causa não fosse banal.
me satisfaria com um apertar nas suas coxas, se não me mostrasse o rebolar de outras mulheres. se não me enfiasse em outras coxas.
te cederia meu lado da cama, dormiria no sofá quando você cansasse de mim, se você não deixasse de falar que me ama.
me chicotearia pra redimir os meu pecados, jogaria álcool nas feridas, se seu braço me acolhessem mais do que um apoio pela cintura.
me lavaria todos os dias, se você me sujasse um pouco mais. se me lambesse pra tirar sua sujeira da minha pele.
te daria minha coleção de discos pra que você tacasse fogo, porque meu gosto musical é agressivo ao seus ouvidos. deixaria queimar as minha poesias que te embrulham o estomago, que só eu poderia gostar daquela porcaria adolescente que eu tinha escrito pro namorado da escola, deixaria me olhar feio quando desafinasse uma música sua, se pelo menos você errasse como eu.
voltaria pra minha casa, pra ver a mesma cor da igreja amarela logo na frente, de estruturas horrorosas e pra rua que sempre me arrancam lágrimas, onde eu chorei o primeiro amor e vi um homem que me dizia que eu devia cantar pro resto da vida, cantar até o peito estourar e virar uma revoada de pios, morrer pela barba branca. Voltaria pr'aquele lugar onde nenhum móvel me agradava, se suas pernas estivesse entre as minhas como daquela última vez.
te daria minhas lembranças, até as preferidas, esqueceria o sentido das frases ditas as outras, esqueceria as carícias, minha primeira vez, os beijos difíceis de se conquistar. Os amores difíceis de perder...
Te daria minha história, se escrevesse nem que fosse uma página, a orelha de um livro... Uma linha.





(E dentro da cabeça, mesmo depois de fechar os olhos, as coisas continuam assim. Dentro da cabeça teu violão ressoa, me atrapalhando o sono)

Se ao menos uma fagulha saísse do seu corpo
uma pequena explosão dos seus olhos em mim
olhos de amor, olhos que alteram o ambiente.
nada de olhos de pirata
nada de água vestindo os olhos.

se você não mentisse
se não botasse um lençol branco em cima dos rasgos no colchão
se não tivesse vergonha de me contar o que acontecia na sala da sua casa, enquanto eu saía pelas portas do fundo.
se você tivesse voz! se você descolasse suas feições montadas...
se você realmente ouvisse o quanto eu não te disse
o quanto eu não te pedi
e o quanto eu te quis
se você quebrasse sua casca
e confessasse que gostou das palmadas que levou na bunda
se confessasse que gosta de apertar meu cabelo e que pra você não existe uma cara que te deixa mais maluco que a minha.
se não abafasse com a mão as minhas declarações
se não apagasse o abajur assim que pudesse, pra não correr o risco de saber se eu queria conversar sobre aquelas coisas complicadas que os meninos odiavam conversar na pré escola.
A guerra dos sexos era um duelo à dois. um tango te confundia as pernas.
ah! se você me tomasse pela mão pra dançar uma única vez. tivesse rodado comigo numa daquelas festas onde, por um acaso, uma banda em comum tocou aquela música que você adorava tocar comigo. A mais triste, não era?
se não tivesse chorado no colo daquela menina linda por ter perdido um ente nem tão querido, olhando pra mim de vez em quando, enquanto eu fingia não olhar, distraído num livro de poesias.

se você falasse tudo o que passa na sua cabeça
sem floreios e rimas, mas seco e bruto
um tapa na cara...

se teus cílios tivessem dado mais beijos
se tuas garras tivessem rasgado mais fundo
se tau barba me ralasse um pouco mais...

se tua pintura me borrasse as tintas

se tuas palavras completassem mais as minhas.

se você fosse o cara da fotografia que tirei quando éramos só nós dois, dentro do quartinho dos fundos onde não se tem medo de ser.

se tua voz casasse com as minhas rimas!


apenas olhos de fogo
um incêndio pra fazer do quarto um punhado de cinzas
um vapor que escorre o meu quarto colorido
uma lufada de fogueira que fecha todos os pares de olhos desenhados no meu quarto
o calar das bocas das paredes a gelar de arrepio
a inveja dos cobertores que não esquentam como nós, que tremem de frio sobre nossos quadris.
o cheiro do tabaco na sua boca...
o gosto da minha saliva que se misturou à sua
o sabor amargo do uísque em seu beijo
a embriagues dos olhos, o corpo que pesa
as mãos que cochicham segredos que nossos pais não podem ouvir
a boca que toca a nuca...

nós, gravados na madeira da cama.
nós entre os dedos no gramado da escola.

os nomes nas árvores da floresta inteira
nas pedras da cachoeira
escrito à tinta
escrito à faca
escrito a sangue e osso.



se pudesse te revelar um segredo
te contaria tudo sobre você, todas as coisas que você não sabe.
se eu te desse meu coração
você mataria a fome
ou se embebedaria?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

teus lábios no fim da estrada

as solas do meu sapato estão gastas!
Eu não sabia de todo o caminho que eu tinha que percorrer
para chegar à sua boca.



domingo, 10 de junho de 2012

o homem por trás do violão é que é forte
ou pelo menos é assim que parece ser
o homem por trás do violão é homem
mas não é mero mortal nos dedos
o homem por trás do homem é amor
é sentimento puro, gotejando da ponta dos lábios
o coração por dentro do homem é grande
prepara o café, da um beijo de bom dia.

o homem por trás de nós
dá nossos acordes do dia a dia
arranca sorrisos.

o homem por trás de nós é simples
e é gênio.

à felipe stival harter

sábado, 26 de maio de 2012

meu samba de ir embora;

escuta agora a última batida do meu pandeiro
respira e sufoca o pó que sobe
e o bandolim que chora baixinho
meu samba de ir embora

lê, pela última vez, meus versos pra você
reclama o ardor da dor que nasce
sente meu abraço no teu e canta
meu samba de ir embora.

devolve os lábios que me pertenceram
desate nó a nó dos lençóis
atente-se a despedida do violão
é o samba de quem vai embora


escuta agora o último gemido da cuíca
no pé do ouvido do teu Chorinho
e o acorde final do meu samba triste
é o samba de quem vai embora.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

está na partitura dos pulsos
no colorido dos braços
nas máscaras das folhas

está no pulsar
no sangue que corre
nas roupas que caem

está na música dos corpos
no fundo da garganta
no ritmo do blues.

O MUNDO ACABA AMANHÃ, MEU JOVEM!
e de que adianta correr?

está nos caprichos do lençol
nos arautos do evangelho
no livro do diabo.

tudo faz parte de uma coisa primeira
uma coisa primata.

- agora que entendemos, fica calmo e põe a cabeça no travesseiro. aproveita que agora os sonhos também faz sentido, e sonhe comigo.




boa noite. 










"hit the road, Jack
and don't you come back no more
no more no more no more"

domingo, 13 de maio de 2012

#as pornografias dolorosas

mais um pico, e eu te amarei um pouco mais.
mais um tiro e te darei a minha alma.
mas um gole e te prometo amor eterno
mais uma mordida e eu lhe dou minhas pernas abertas.

terça-feira, 8 de maio de 2012

As noites são escuras e os dias São Carlos.




Desde o primeiro suspiro trêmulo,
Os primeiros pios dos pássaros [outros]
Os primeiros raios da dúvida
Os primeiros esquecimentos dos quilômetros detrás.

Era caso de alçar voo. Liberdade pra quem mais queria. E a sensação de que este era o lugar certo. Na solidão do campo e na calmaria do rio o pulso grita. Ecoa, assustando a revoada de colibris.

as almas de ligação direta
caminhando entre o orvalho da grama
o tempo no zero.

pessoas de crânio exposto
buscando por mais e mais respostas
com ideias em espirais engolindo espirais
a Busca da Iluminação infinita

as árvores são fortes. as raízes vão fundo, no âmago da terra, ligando todas num mesmo lugar que é de pureza branca. Os galhos atingem já as pontas do futuro, apesar do fungo que apodrecem pequenas partes do seu tronco, da seiva que escorre grossa,

- Não brilha!

venenosa. Das bocas de maxilar corroído, cuspindo pragas.

é a plenitude em reflexo da lua
de Escorpião.
de Júpiter. a Lua roçando os pés na água.

é ser maluco. bicho do mato, bixo. é ser da Fauna.
é ser a flora.
é dançar sapateado no ataque de saúvas que devastaram a plantação de Policarpo Quaresma.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

o grito do samba pede por salvação!
rodeia pelos violões e tamborins
cochicha pelas caixinhas de fósforo
acaricia a ponta dos dedos dos pés
que é samba por natureza.

o grito do samba lamenta por lembrança.
e lamenta bonito
sofrido
tá sufocado, mas se atento, dá pra ouvir.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

acreditamos naquela velha história das Estradas
e corremos, com lágrimas e felicidade no rosto.
com esperança. 


pra no fim descobrimos que nem todas as estradas chegam até Roma.



e dói
pra caralho.



o fim está próximo.


Os fios de ouro refletem o Diamante
a força da Terra.
a punição vinda das ramas, 
das trepadeiras que apertam o peito
destroçam as costelas e lambe o sangue.
Ri de escárnio da máscara do desespero
da culpa tardia
os rosto da lua fria.
A crueldade vazando prata
a riqueza esfregada na cara
a impotência dos seus poderes.

o dínamo cravejado de fins
coroando-se com galhos de roseira.

42.

é a Casa da Dança dos Vestidos
a menina dança
o menino canta

é como a porta direta da Iluminação
de olhos brilhantes, as pessoas são.
caracol nos dedos ágeis
a fruta vermelha da Verdade.
o Dharma, a Arca da Salvação.


são todos Santos por razão
seu Deus, seu Monstro. o criador dos dragões dourados.



o carvalho de musgo se alongando pelo corredor dos braços.
os lamentos criando campos e frutos.

Nós somos a Energia dos vivos
os que respiram as notas
somos ondas, divindades naturais.

carregamos o grito na garganta
e o apocalipse no peito.
soam as trombetas.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

42

as línguas se trocam
de lábios enroscados, o sabor da melancia
os sopros primaveris
a costura dos pássaros cerrando os olhos
                                                               

 uma dor gostosa, o cheiro da calmaria



os melhores dias de nossa vida.

terça-feira, 1 de maio de 2012

é de lembrança que se alimenta a dor.

Querida Hanna P.

Mato-te. Não com o peso de um assassino, mas com o pesado veneno de um amor impossível. Mato-te para que não me mate antes com sua cruel e bem pensada ausência. Mas antes de te matar, escrevo essas últimas palavras numa explosão de um amor inconcreto e proibido. Minhas mãos querem te estrangular, mas minha alma berra por tua permanência. Mas é por te amar que me detenho e te mato. Preciso tornar-me um assassino para me libertar desse vício que me impede de musicar outras belezas. Amo-te com tal força que destruo meu corpo a cada chuva de granizo.

Tenho meditado sobre toda gota que tomei de suas palavras, mesmo cantando mantras pra tentar esquecê-las. Tenho me deitado com outras mulheres para substituir o seu peso que invade minha cama-corpo quando estou vazio. Passei por sete mares de gostos diferentes pra me livrar do teu, mas nenhum é forte o suficiente para tirar o seu sabor movediço do meu corpo. Não posso nem mesmo cantar a bela canção que você me ensinou sem sentir o sabor amargo-salgado da sua respiração. As gotas de outros corpos tem o sopro de sua transpiração. Tento inutilmente escrever sobre outras coisas, mas cada personagem que crio tem uma parte de teu tecido.

Sujei-me sim em outras lamas. Joguei juras de amor à outras pessoas, mas não consigo dar à outra o que dei de mais precioso: a minha verdade. Não consigo formar frases completas com outras, enquanto você arrancava livros inteiros com facilidade de dentro de mim.
Ah, e aquele último abraço! Três mil luas já se passaram e ainda sinto o aperto correndo por todo meu corpo. Três mil meses de pura lua. Enganei-me quando achei que eu poderia ser sua canção e você, a nota que faltava para a perfeição da minha obra. Destruí a minha obra! De que adianta desejar ser arcadico se você, protagonista da minha história, é inteira romântica? Não posso sentir o cheiro de feno e capim verde no teu corpo, se deitamos apenas em camas glaciais.

Morra Hanna! E que morra de forma tranqüila e indolor. Que possas descansar em paz e ainda sim, viver em mim de forma que não destrua o meu coração e infecte minhas veias com o seu corpo-alma-palavra perfeita. Que possas descansar em mim e ser feliz sem carnaval. Que faça malabares com meus sorrisos e não com minhas dores venenosas e reais. Se a mais bela mulher já foi recusada pelo mais horrendo homem, conseguirei, sem muito esforço, me ver livre dos meus desejos banais por você e ter apenas a saudade e a suavidade bela do teu corpo frio.


PS: Amar de mentira dói. Assim, pelo menos, você pode me fazer carinho.





vê, suas peças estão todas em meu museu.
de corpo suspenso, o homem sorria a vida em dois segundos.


e com um sorriso estampado no rosto descobria que seu único acerto na vida
fora a escolha da cor do piso do banheiro.



de corpo suspenso, o homem entendia o pêndulo.
mas já não contava os minutos.

tick tock.
tick tick
tick tick
tick
tack!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

- vem, vem dormir.

mas seu rosto mantém meus olhos sempre abertos.
é sereno.

a barba roçando na pele é o carinho de boa noite
que a boca não conseguiu dar a tempo.

você sorri o sorriso que só eu vejo.
você nem vê o tempo colorindo a sala.
e nem como é bonito a aurora te desenhando.

42

vai demorar mais de cinquenta anos pra isso aqui começar a morrer
as cores aqui pulsam, bixo.
cada traço tem uma história
cada risco.
tem muita alma doida aí, pelo mundo, gente que eu vi e nunca mais vou esbarrar. gente pra caralho pra morrer antes disso aqui virar um manicômio.




isso não é mais uma anotação pro seu diário!
é uma Profecia

quarta-feira, 25 de abril de 2012

42

Jesus Cristo plana
tem o peito vertendo sangue
tem a língua cuspindo pragas
tem o pranto chorando mágoas

tem nas mãos nada de folhas
mas a Salvação única.

traz consigo a fauna
e regozija da flora.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

#as pornografias dolorosas

a carne e a carniça
a cara e a carícia
o beijo e a preguiça.

tem sempre tempo pra mais uma.

fodem como dois prisioneiros.
não é amor
é calor e no fim o cárcere.
e eu me vi perdendo o sono de novo por alguém.

- só meia hora, por favor! eu tenho aula amanhã cedo.


ri e nem liga.

o que está acontecendo?
eu estava em paz quando você chegou.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

quinta-feira, 12 de abril de 2012

os fantasmas da minha vida perfumam meu quarto de crisântemo. 



'acorda, Leeray! tá na hora de ir pr'aquela festa'


lembram de quando éramos tão nossos?

sexta-feira, 6 de abril de 2012


os meios termos

[tatos] .


-2º sobre 50º.

Não sobra nada.
                    não sobre
                             vive...

                                                                                             falta muito
pouco.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

o fim está próximo






e nós nem sequer saímos debaixo do lençol,
nossa vida tenta ser a mesma, apesar de.
nossas mãos tentam dar-se às mesmas, apesar das frutas.
nossos pés tentam se agradar, apesar das unhas.
nossos lábios tentam beijar, apesar das palavras.
nosso sexo tenta suar, apesar do frio.
nossa pele tenta queimar, apesar da dor.
nosso corpo tenta arder, apesar da morte.

quarta-feira, 28 de março de 2012

42

Mas aí não é rótulo, cara, vem da terra.
Essas coisas são poderosas, cara. Mãe África.
Ela te passa um pedaço da dor de sua história. Te oferece o peito vertendo sangue.
Te entregam a chave de tudo.
Te oferece um pedaço do Mapa Final.






...I know every engineer on every train
All the children and all of their names
And every handout in every town
And every lock that ain't locked when no-one's around...

segunda-feira, 26 de março de 2012

Quanto a despedida, quando essa parte do dia que passamos juntos chegar chegar, é só voltar no tempo e assistir rebobinando como uma fita VHS. O ônibus mal sai da plataforma e volta. E você volta.




A saudade não passa, mas a falta ameniza.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

se nosso amor fosse palpável todo mundo tinha tentado dar uma mordida.







fruta vermelha suculenta sangrando

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

semeando os beijos de outras bocas,
fundindo em quimera os toques de outros tais.
ensaiando gritos de outras almas,
revelando os dizeres afundados em mares e lamaçais.
plantamos o desejo de nossos laços,
colhemos o desabafo de dores animais.
vagamos por silhuetas de homens e bestas,
falamos pelas bocas de máquinas celestiais.

mas agora, amigo querido, apenas esqueça
do mundo, do tudo, do morro, do cais.
façamos do que é vasto nossa lama,
façamos do que é asco nossa paz.

e com a língua afiada de amarguras
escorregue em minha cama, dê nós em meus lençóis.
teça no tapete a loucura,
sob fios dourados do sol que escapa os vitrais
e esquenta nossos corpos nestes arfares matinais.
e na hora de contar-me os teus segredos
me cole num beijo, entre tuas coxas abissais.

ignore o nojo de nossas almas.
crave em minha carne os teus dentes, Canibal.
e quando eu for chorar minhas doçuras,
acaricie meus cabelos no teu colo maternal.
e quando eu for chorar minhas doçuras,
afague meus cabelos no teu colo maternal.





poema bordado por Erick e Lucas Vieira

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Minha alma mendigando em farrapos, com a cara ralada na sarjeta, por pouco do seu carinho gratuito, no último lugar da fila.



"Desculpe, estamos esgotados por hoje."

Fecha a porta e vai dormir.
minha febre sufocada pela merda do seu travesseiro
e suas plumas escancarada aos olhos de todos os outros!

eu tenho ficado aqui, dentro da palma da sua mão bem apertada, pra ninguém ver.

Mas pra doer menos eu finjo que é porque você não quer dividir nem um pedacinho meu pra outro par de olhos.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

e de repente meu corpo todo me confessa
e perco as máscaras, perco as roupas.
a razão.
minhas bestas são expostas
ao calor da carícia de suas mãos.

e os lábios voltam a partilhar a cama.
dormem colados.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

as falhas do homem criaram um deus para não terem tanta culpa. mas em troca receberam o conceito de pecado e se castraram à vida.
a vontade de deus é ser real
relógi(c)o.
tristeza come amor, tédio come tristeza.

"raspas e restos" ainda te interessam?
veja bem: "eu tô pedindo sua mão!"


mas já não sei se dói tanto se você não der.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

# as pornografias dolorosas

saudade da boca, da língua tímida, do beijo infantil safado por natureza.
# as pornografias dolorosas

vens, goza, se lambuza em mim, e parte me deixando só na sujeira com um sorriso no rosto que eu adoraria que fosse de felicidade plena.
antes tivesse o dom de desenhar
te pintaria inteiro em mim.