sábado, 28 de julho de 2012

e deitaríamos no asfalto frio, de mãos dadas, o silêncio na boca tomando coragem pra virar voz. eu falaria que te amo e você descobriria que todos os meus poemas, absolutamente todos, foram escritos só pra você.
eu falaria eu te amo e você não duvidaria mais.

domingo, 22 de julho de 2012

o simples beijo das pontas dos deus dedos 
me arrancaram os meus tão seus suspiros.



(e não precisa mais do que dois versos pra ser poesia)


sábado, 21 de julho de 2012

um embrulho sobre a mesa:

"ei docinho, não chora não!
tá aqui algo pra te fazer sorrir."


abri a caixa e as lágrimas tornarem-se um pouco mais alegres, meus lábios tornando-se espelho de todas as fotografias que ela tinha tirado de meus sorrisos.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

‎- você é um poeta, docinho. isso é o que mais importa nisso tudo.

me deu um beijo no rosto e foi embora. passei anos e anos sem entender porque não escrevi mais nada depois que ela foi embora.

- você era poesia, baby. e agora deve estar nos estados unidos ou um desses lugares que todo mundo quer conhecer.

domingo, 1 de julho de 2012

"e eu não beijei todas as bocas"



é do tronco das laranjeiras que escorre o elixir
é a beleza de silenciar os poetas.


não me defino como uma garota ingênua não. é as coisas são assim... eu estava bem até ele me tirar o sono... estava centrada até começar a questionar porque era sempre ele. 


era ele.


tinha a madeira do peito talhada num buraco fundo
lhe corroía a madeira como cupim, me alimentava do corpo dele
me aquecia no pó da serra que se formava a noite.
era bonito por trás dos galhos
me punha o cheiro do musgo pelo corpo todo, me repousando cansada no travesseiro.
me enrolava os cabelos...


mas também envergava e apodrecia.


só os amantes de ontem sabem dos lábios que deixaram passar
só os amantes de ontem assumem que, na verdade, se arrependeram de tudo que fizeram.
só os amantes de ontem não amam mais o amanhã...


- amanhã, cara, amanhã.



tem muita bobagem pra se escrever ainda. muito poeta perdido por aí que esconde as páginas dos outros por medo. eu mesmo não costumo escrever muito, mas agora é por causa dela.


era ela.

indescritível por inteira, dona do mundo.
viva, adolescente, apaixonada.
de olhos fechados para todos os outros pares de olhos que não aqueles verdes.
ignorante aos meus conselhos
fria aos meus toques
fria pra se adequar ao orvalho.


e quando as rugas lhe tocarem as faces, não chore.
não há mais tempo pra chorar.
enrola sua língua na minha boca





esses seus dedos nos meus pelos.

as cartas que não te mandei;

As Cartas Que Não Te Mandei ou As Telas Brancas de Dalí.



eu te escreveria todos os dias se não segurasse no fundo dos olhos com tanta força a sua própria poesia em meu ouvido.
cantaria todos os dias na sua boca, te comeria a carne e lamberia os ossos.
deixaria encharcado os panos do seu travesseiro se não me retivesse com um sopro frio de boa noite.
faria do meu ventre uma mulher, se você não cuidasse de mim como uma pequena garota.
gastaria toda minha voz nas ruas, se sua causa não fosse banal.
me satisfaria com um apertar nas suas coxas, se não me mostrasse o rebolar de outras mulheres. se não me enfiasse em outras coxas.
te cederia meu lado da cama, dormiria no sofá quando você cansasse de mim, se você não deixasse de falar que me ama.
me chicotearia pra redimir os meu pecados, jogaria álcool nas feridas, se seu braço me acolhessem mais do que um apoio pela cintura.
me lavaria todos os dias, se você me sujasse um pouco mais. se me lambesse pra tirar sua sujeira da minha pele.
te daria minha coleção de discos pra que você tacasse fogo, porque meu gosto musical é agressivo ao seus ouvidos. deixaria queimar as minha poesias que te embrulham o estomago, que só eu poderia gostar daquela porcaria adolescente que eu tinha escrito pro namorado da escola, deixaria me olhar feio quando desafinasse uma música sua, se pelo menos você errasse como eu.
voltaria pra minha casa, pra ver a mesma cor da igreja amarela logo na frente, de estruturas horrorosas e pra rua que sempre me arrancam lágrimas, onde eu chorei o primeiro amor e vi um homem que me dizia que eu devia cantar pro resto da vida, cantar até o peito estourar e virar uma revoada de pios, morrer pela barba branca. Voltaria pr'aquele lugar onde nenhum móvel me agradava, se suas pernas estivesse entre as minhas como daquela última vez.
te daria minhas lembranças, até as preferidas, esqueceria o sentido das frases ditas as outras, esqueceria as carícias, minha primeira vez, os beijos difíceis de se conquistar. Os amores difíceis de perder...
Te daria minha história, se escrevesse nem que fosse uma página, a orelha de um livro... Uma linha.





(E dentro da cabeça, mesmo depois de fechar os olhos, as coisas continuam assim. Dentro da cabeça teu violão ressoa, me atrapalhando o sono)

Se ao menos uma fagulha saísse do seu corpo
uma pequena explosão dos seus olhos em mim
olhos de amor, olhos que alteram o ambiente.
nada de olhos de pirata
nada de água vestindo os olhos.

se você não mentisse
se não botasse um lençol branco em cima dos rasgos no colchão
se não tivesse vergonha de me contar o que acontecia na sala da sua casa, enquanto eu saía pelas portas do fundo.
se você tivesse voz! se você descolasse suas feições montadas...
se você realmente ouvisse o quanto eu não te disse
o quanto eu não te pedi
e o quanto eu te quis
se você quebrasse sua casca
e confessasse que gostou das palmadas que levou na bunda
se confessasse que gosta de apertar meu cabelo e que pra você não existe uma cara que te deixa mais maluco que a minha.
se não abafasse com a mão as minhas declarações
se não apagasse o abajur assim que pudesse, pra não correr o risco de saber se eu queria conversar sobre aquelas coisas complicadas que os meninos odiavam conversar na pré escola.
A guerra dos sexos era um duelo à dois. um tango te confundia as pernas.
ah! se você me tomasse pela mão pra dançar uma única vez. tivesse rodado comigo numa daquelas festas onde, por um acaso, uma banda em comum tocou aquela música que você adorava tocar comigo. A mais triste, não era?
se não tivesse chorado no colo daquela menina linda por ter perdido um ente nem tão querido, olhando pra mim de vez em quando, enquanto eu fingia não olhar, distraído num livro de poesias.

se você falasse tudo o que passa na sua cabeça
sem floreios e rimas, mas seco e bruto
um tapa na cara...

se teus cílios tivessem dado mais beijos
se tuas garras tivessem rasgado mais fundo
se tau barba me ralasse um pouco mais...

se tua pintura me borrasse as tintas

se tuas palavras completassem mais as minhas.

se você fosse o cara da fotografia que tirei quando éramos só nós dois, dentro do quartinho dos fundos onde não se tem medo de ser.

se tua voz casasse com as minhas rimas!


apenas olhos de fogo
um incêndio pra fazer do quarto um punhado de cinzas
um vapor que escorre o meu quarto colorido
uma lufada de fogueira que fecha todos os pares de olhos desenhados no meu quarto
o calar das bocas das paredes a gelar de arrepio
a inveja dos cobertores que não esquentam como nós, que tremem de frio sobre nossos quadris.
o cheiro do tabaco na sua boca...
o gosto da minha saliva que se misturou à sua
o sabor amargo do uísque em seu beijo
a embriagues dos olhos, o corpo que pesa
as mãos que cochicham segredos que nossos pais não podem ouvir
a boca que toca a nuca...

nós, gravados na madeira da cama.
nós entre os dedos no gramado da escola.

os nomes nas árvores da floresta inteira
nas pedras da cachoeira
escrito à tinta
escrito à faca
escrito a sangue e osso.



se pudesse te revelar um segredo
te contaria tudo sobre você, todas as coisas que você não sabe.
se eu te desse meu coração
você mataria a fome
ou se embebedaria?