quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

semeando os beijos de outras bocas,
fundindo em quimera os toques de outros tais.
ensaiando gritos de outras almas,
revelando os dizeres afundados em mares e lamaçais.
plantamos o desejo de nossos laços,
colhemos o desabafo de dores animais.
vagamos por silhuetas de homens e bestas,
falamos pelas bocas de máquinas celestiais.

mas agora, amigo querido, apenas esqueça
do mundo, do tudo, do morro, do cais.
façamos do que é vasto nossa lama,
façamos do que é asco nossa paz.

e com a língua afiada de amarguras
escorregue em minha cama, dê nós em meus lençóis.
teça no tapete a loucura,
sob fios dourados do sol que escapa os vitrais
e esquenta nossos corpos nestes arfares matinais.
e na hora de contar-me os teus segredos
me cole num beijo, entre tuas coxas abissais.

ignore o nojo de nossas almas.
crave em minha carne os teus dentes, Canibal.
e quando eu for chorar minhas doçuras,
acaricie meus cabelos no teu colo maternal.
e quando eu for chorar minhas doçuras,
afague meus cabelos no teu colo maternal.





poema bordado por Erick e Lucas Vieira

Nenhum comentário:

Postar um comentário