sexta-feira, 27 de março de 2015

anestésico;

Querida Jane Junkie,

Depois de me roubar as palavras,
não contente em tirar a coisa mais bonita
e mais valiosa que eu possuía,
ele me arrancou com as garras grossas
o coração pela boca,
estrangulou as artérias,
pisoteou e torceu como um pano de chão velho e sujo
até que não sobrasse nem mais uma gota de vida.

me currou e não me ofereceu um cigarro de alívio.
me estapeou a cara quando eu esperava pela carícia.
valsou sobre meus ossos, partindo-os ao meio

sem anestésico.


alguns homens carregam nos olhos estacas afiadas
sempre procurando o centro de nosso peito.




se não fosse a lembrança de seu rosto, querida Jane
eu provavelmente já teria esquecido o meu próprio.

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