quinta-feira, 19 de março de 2015

borboletas

as borboletas que outrora viveram ali
não se agitaram. 

senti a estranheza
da falta do gelo nos lábios,
do farfalhar de alegrias do encontro com a primavera,
do cheiro de capim molhado entre os dedos.

as borboletas que outrora viveram ali
não se anteciparam a subir pela garganta,
nem escancararam a boca abrindo espaço para ir de encontro com seu curto tempo de liberdade.
permaneceram imóveis como se ainda fosse inverno. 

não se atiçaram com a rosa ofertada,
nem salivaram em beber o mel. 

as borboletas que outrora viveram ali
deixaram ovos que desabrocharam em novas lagartas
mas, mesmo famintas, ignoraram a comida ofertada.

Esperam fazer-se lindas à uma nova temporada de flores.

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